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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

PROPOSTA DE UM POEMA-ENSAIO, por ANTONIO MIRANDA [2016 ]

 

Edgar Morin, o teórico do pensamento complexo, buscou na "tradição da renovação" (para dar-lhe um nome...), a vitalidade e permanência da poesia, sua retroalimentalidade sistêmica, sua continuidade. Podemos ir ainda mais longe, dizendo que toda poesia é radical justamente por hastear-se nessas raízes da renovação.

Creio ter alguma intimidade com a poesia, com a minha em particular. Passei por muitas fases e sofri muitas influências formais e ideológicas, mas creio que tenho algo próprio no que escrevo. Ou tenho esta pretensão. Vou com frequência à leitura de meus poemas como se fossem de outrem, afiliado que sou à Teoria do Conhecimento Objetivo de Karl Popper, no sentido de que a obra é externa ao seu autor, não é mais dele depois da criação, é de todos. E o autor pode ter um distanciamento brechtiano para analisar a sua obra, como se fosse alheia.

Comecei sonetista romântico, parnasiano e depois modernista, sob a influência das leituras de poesia em minha infância e juventude. Meus primeiros versos escrevi-os a partir dos 9 anos de idade, umas quadrinhas que, lidas com a distância do tempo e do espaço, já revelavam uma certa inconformidade, alguma perversidade... Ainda não era poesia o que produzia naquela fase primeva, eram exercícios de emulação e tanteios expressivos, assenhoreamento do mundo. Depois entrei nos experimentalismos, com a descoberta dos surrealistas, dos dadaístas, dos concretistas e neoconcretistas: eu “fundei" o poegoespacialismo que o escritor argentino Manuel Mujica Láinez ( *1) achou ser de alguma validade e que, posteriormente, o crítico Roberto Pontual julgou ser bastante inventivo.

Como todos os de minha geração, depois de 1968, na cauda do cometa marcuseano, fiz poesia de protesto, mas nunca uma poesia engajada partidariamente, jamais ideologicamente enviesada. É a fase que culmina com Tu País está Feliz, obra que, como tudo o que persigo, é eclética, partindo do lírico, passando pelo sarcástico e com tons de tragédia.

Sempre quis exercer, mesmo que um pouco, o ideal da integração das artes, invocando formalismos das artes visuais, algum ritmo e dramatismo teatral, visando a exposição ou apresentação pública de minha obra.

Estava engajado num projeto de livro - o Terra Brasilis, com muito entusiasmo, reforçado com o início de operação de minha página na web (www.antoniomiranda.com.br).

Com Terra Brasilis pretendia uma interpretação do Brasil baseado na vasta experiência que eu venho desenvolvendo com a leitura dos textos que vêm dos cronistas coloniais, dos visitantes estrangeiros, dos analistas brasileiros e estrangeiros. A leitura de um livro de centenas de páginas pode provocar uma ou duas ou três “citações" mas colabora na redação dos textos que eu tenho em mente compor. É o caso extraordinário da obra do compilador João Cesar  de Castro, com a colaboração de Valdei Lopes de Araujo, intitulada  “Nenhum Brasil Existe – Pequena enciclopedia ” [Rio de Janeiro: Universidade Editora – Topbooks Editora, 2003.] Em 1107 página apresenta testemunhos e visões críticas da história do Brasil desde as suas origens, por autores de todas as épocas!!!

 

Projeto Terra Brasilis

O plano do livro compreende as seguintes partes:

1. DE ORNATU MUNDI - relativa ao nosso território, numa concepção copernicana do "paraíso", jardim terrenal ou seja lá o que for, ao ambiente em degradação, ao espaço comum que habitamos. O Brasil,  todos sabem — é quase um continente e a geografia não apenas une como divide o país. Não pretende nem de longe ser descritiva ou ufanista das belezas nacionais, ao contrário, intenta interpretar culturalmente a nossa ocupação territorial, com seus desafios e sacrifícios. Brasil é uma palavra tomada de uma árvore — o pau-brasil — mas a palavra vem do celta e o seu uso para referir-se à vermelhidão do produto que tingia tecidos vem desde tempos imemoriais e a Ilha Brazil já aparecia em mapas anteriores ao descobrimento...

2. DE REVOLUTIONE MUNDI - relativo ao tempo, à nossa transformação histórica de povos transladados para o Brasil desde períodos primitivos; não apenas os colonizadores europeus. Uma história enviesada, falseada, mitificada oficialmente e que precisa ser revista e entendida pela poesia – porque a poesia trabalha mais holisticamente seu discurso - e não apenas pelos historiadores e sociólogos.

3. DE ANIMA MUNDI - que tem a ver com a nossa alma coletiva, com os nossos valores de multirracialidade, com a nossa "unidade na diversidade". Para a escritura de uma obra como a que se apresenta, foram necessárias duas abordagens de leitura do fenômeno da brasilidade. A primeira, vasta e demorada, vem de livros e de toda sorte de registros que foram consumidos ao longo de mais de meio século. Freqüentador de bibliotecas e museus, colecionador de objetos – livros, postais, discos, etc.- tive-os aos milhares, li-os às centenas e, na maturidade em que me encontro, volto a vê-los com outro olhar e a interpretá-los: poesia, estudos sociológicos, históricos, pinturas, peças museológicas, sítios na Internet, etc., etc. Antonio Vieira, L. Agassiz, João Francisco Lisboa, Castro Alves, Ruy Barbosa, Euclydes da Cunha, Conde Affonso Celso, Sérgio Buarque de Holanda, Mário de Andrade, Mário da Silva Brito e tantos outros autores evocativos e interpretativos de nossas identidades nacionais e regionais. Tantas obras e tantos autores extraordinários que compõem uma amplíssima Brasiliana, um referencial do mais alto quilate para entender a nossa trajetória humana, a nossa alma coletiva, sem deixar de lado os mais recentes – Gilberto Freyre, Roberto da Matta, Pedro Braga e todos os demais, que permitem a compreensão de valores mais recentes na continuidade de um processo civilizatório.

 

        A segunda experiência de nossa realidade vem de sucessivas e longas viagens por todo o Brasil, desde o dia em que minha família tomou “um Ita no Norte”, em São Luís do Maranhão, e veio pro Rio morar. Desde muito jovem, saí a andar pelo país: de trem, de caminhão, de barco, de ônibus e, nos últimos tempos, de carro e de avião. Por toda parte, por todos os estados e territórios (quando havia, incluindo Fernando de Noronha).

         Do Amapá ao Rio Grande do Sul, da Paraíba ao Acre, de São Paulo ao Pantanal. Uma combinação de leituras e de viagens garantiu-me uma visão de Brasil que estimo válida para a aventura poética de meus próprios livros, em particular do projeto Terra Brasilis. É fantástico para um autor ver através de outros escritores. Andar pela caatinga com as reminiscências do Graciliano Ramos e as imagens de Vidas Secas do Nelson Pereira dos Santos; ir a Salvador, depois de ler Jorge Amado e de ver a estreia do Pagador de Promessa do Dias Gomes e do Anselmo Duarte; de percorrer os pampas gaúchos depois de desfrutar dos textos do Érico Veríssimo ou de andar pelos sertões mineiros na companhia imaginária dos personagens do Guimarães Rosa ou, por último, dentre tantos exemplos, de andar pelas ruas antigas de Ouro Preto em seguida à releitura do Romanceiro da Inconfidência da extraordinária Cecília Meireles, dos versos de Alvarenga Peixoto e de Cláudio Manoel da Costa e, se não bastasse, de ler as memórias de Afonso Arinos de Melo Franco. Um verdadeiro privilégio. É ver com muitos olhos e observar com muitas inteligências.

Começando sobre as nossas origens antes da conquista por Portugal. Incluindo as ocupações civilizatórias europeias, sua composição civilizadora, imigrante, multirracial e cultural, nossa continentalidade. Não obstante, até onde chegam as fronteiras, chega a língua portuguesa, com seus sotaques, delimitando nosso território, os regionalismos,  sem abandonar as línguas indígenas e a cultura africana. Sem pretender esgotar o tema, podendo vir a ser revista e ampliada, reinterpretando e ampliando os temas. O ser-sido-porvir.  Uma pretensa enciclopédia lírica, entre sequencial e analítica. Com um recurso raramente usado em e-books, links para levar às seções do livro e regressar para outras buscas... Geralmente os e-books apenas levam...   

 Quando eu já estava com meia centena de poemas escritos, comecei a distribuí-los a amigos, a lê-los em diversos lugares e até a publicá-los. As reações foram controversas, mas sempre positivas. Parti então para a Internet, publicando os poemas em "fascículos" remetidos a grupos de pessoas — mais de 800 — que eu acreditava tinham interesse pela poesia e pelos temas expostos. Pedia opiniões, críticas, sugestões. As respostas vieram em grande quantidade, até em versos... Elogios, propostas de temas, perguntas, críticas a certos enfoques, e até na forma de ironias e ofensas... Um dos internautas ficou muito irritado, achando que só há espaço para a poesia lírica, que esse negócio de poesia social ou política é discurso e não poesia, que no tipo de poema que eu estou praticando não passa nem bafo de poesia... Ridiculizou a proposta de um poema-ensaio. É assim mesmo. Críticas sempre são bem-vindas, constituem desafios ao criador para não ficar isolado nos elogios mais fáceis.

         Em certa medida, proponho uma “obra aberta” no sentido dado por Umberto Eco, com “um convite a fazer a obra com o autor”. Nesse sentido, o autor “não sabe exatamente de que maneira a obra poderá ser levada a termo, mas sabe que a obra levada a termo será, sempre e apesar de tudo, a sua obra, não outra, e que ao terminar o diálogo interpretativo, ter-se-á concretizado uma forma que é a sua forma”,”(...) pois ele, substancialmente, havia proposto algumas possibilidades já racionalmente organizadas, orientadas e dotadas de exigência orgânica de desenvolvimento.” (ECO,1969:62)

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Veja e leia o livro “TERRA BRASILIS”: http://www.antoniomiranda.com.br/terra_brasilis/terra_brasilis_index.html

 


 

 

 
 
 
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